sábado, 27 de março de 2010

Já me falaram tanta coisa sobre amor, amor.
Que nem sei o que é meu e o que eu ouvi.
Eu sei que dói.
E sei que ouvi.
E vi.
Vivi.

Sei também, e me falaram, que a pior dor de amor é aquela de não ser correspondido.
Ou ainda, a de perder alguém.
Mas eu não acho, amor. Não concordo, não.
A pior dor de amor, pra mim, é ele ser amor.
Quando é amor não tem distância, não tem idade, não tem culpa, não tem rotina, não tem sexo, não tem segredo. Não tem nada que justifique estar separado.

E me dói tanto porque eu vivo de desculpas, amor. Eu vivo separada.

Muita gente, talvez.

Metaforizamos tudo, deixamos bonito, alimentamos o ego, deixamos a separação poética e achamos que é amor. Amor demais, ainda por cima, que supera o tempo e a saudade. É amor nada, amor.

Por amor não se separa.
Se espera.
- junto.

Não adianta.
É gente que não quer ver que acabou.
Gente que não quer ver que começou outra coisa.
Gente que não quer ver que nem sequer existiu nada.

Gente como eu.

Mas é que até hoje eu tenho medo de você, amor.
Com esses olhinhos a me olhar como se vissem as pirâmides, sei lá.

Me assusta.
Me engole.
Mas não, amor.

Nunca tire esses olhinhos de cima de mim.
Essa gula deles é o que me alimenta.
Posso dar a desculpa que for.
E dou.

E dor.