sexta-feira, 27 de maio de 2011

Primeiro pensamento do dia

O sol me fez abrir os olhos; impreterivelmente me faz. Lembrei-me de quando tinha você ao lado e isso acontecia. Eu ficava contando suas pintinhas. E beijava cada uma delas até adormecer novamente. Você nunca acordou. Acho que se acordasse eu enrubesceria de vergonha. Eu tinha vergonha de te amar. Depois tive ânsia. Depois desespero. Enfim, medo. Mas como eu amava suas pintinhas! E que saudade delas, da tua pele branquinha, branquinha... do teu peso. A ausência, que tomou o seu lugar assim que eu sai por aquela porta, a ausência não pesa nada. E acho que não pesa de maldade, justamente para que você nunca se iluda de que tem alguém do seu lado quando ela se deita para dormir com você. Fazer amor com a ausência é um estupro. É se dilacerar a noite toda. É segurar o coração enquanto as roupas caem contra a sua vontade.

Eu já segurei o coração nas mãos, antes. Quando o metrô ia passando as estações para chegar na sua casa, por exemplo, ele ficava lá, contando, pulsando acelerado entre meus dedos. Falta muito, tá chegando, que horas são? Mas assim que chegava, eu te entregava ele. E quando as roupas iam parar no chão, ele já estava sob os seus (bons) cuidados há muito tempo. Fazer amor com a ausência é nunca entregá-lo a você. É continuar num metrô de estações infinitas. Não tá chegando, não vai chegar...

É um despir-se no trem com todo mundo olhando. Esse não é o pior tipo de pesadelo? A diferença é que, no meu caso, ele começa quando eu abro os olhos. Ah... Não consigo adormecer sem contar as suas pintinhas... como eu contava as estrelas do céu antes de te encontrar.
E agora, que vai ser mais brilhante que você?

terça-feira, 10 de maio de 2011

Pílula de pensamento

Penso que minha vida inteira foi uma casquinha de machucado.
Segui cutucando, cutucando, sem a menor intenção de curar.