sexta-feira, 7 de outubro de 2011

{ km }

(para quem fala ka eme)

Parem de me oferecer um trago.

Uma saída, um boteco, um colo, os ouvidos. Parem!
Parem de me oferecer um trago - que não seja um verbo, e acompanhado dele.
O que eu queria, hoje, era sair daqui, pegar a estrada e dormir ao seu lado. Na verdade, o que eu queria é que o lado fosse aqui do lado. Que não houvesse distância alguma. Havendo, na metade do caminho, (quando o pendrive mal tiver tocado) eu vou me arrepender e voltar pra casa.

...
Desconfio que entre nós dois sempre haverá uma metade do caminho que me fará pegar o retorno mais próximo.

Saco.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Sem fantasia

Se apaixonar não é mágico. Não acontece de uma hora pra outra, quando menos se espera. Não é como queimar a mão na panela quente: ops, queimei! É mais como deixar queimar o arroz. No começo de nossas vidas juntos, eu deixei queimar o arroz de propósito. Estava fuçando nas coisas que você tinha acabado de trazer de mudança, e por fuçando eu digo freneticamente fuçando, quando senti aquele cheiro de queimado, que ainda podia ser salvo. Mas eu não parei! Não parei até encontrar alguma coisa que eu julgava querer, mas não precisava encontrar. E que mudou todo nosso relacionamento depois disso, desnecessariamente. Ah, meninice... Mas isso já é outra história. O que eu tô querendo dizer é que eu deixei a gente queimar, também. Sem chance de salvação. Até acabar numa casa, sem horta, sem criança, com pizza de microondas para o jantar, mas amor de sobra.  

Tem sempre um momento. Tem sempre um momento em que você escolhe esse amor. Você decide se apaixonar ou não. É sem desculpas. E é sempre.  O meu momento foi quando demos carona para a sua mãe e você deu um jeito de me olhar pelo retrovisor e sorrir um sorriso de lábios fechados e coração aberto. Você já tinha tido o seu momento àquela altura, e já tinha escolhido a mim. Então, escolhi. Você pode não se lembrar exatamente de quando escolheu e decidiu se apaixonar, mas você sabe, você sabe que podia ter pulado fora. Desconfie das pessoas que dizem que aconteceu. Amor não simplesmente acontece. Você permite que aconteça. Se apaixonar não é incontrolável, mágico, além das nossas forças ou compreensão. Não há fantasia. É pura lógica e ciência - com um quê de química.

Se se apaixonar fosse tão incontrolável assim, estaríamos, todos, o tempo todo, nos apaixonando por aí. Se se apaixonar fosse místico, seria periódico.  E, pra mim, que te sorri em resposta naquele encontro pelo retrovisor, aquele dia, e te escolhi em cumplicidade para amar, pra mim não é. Eu me apaixonei por você há anos, e acabou. 

Ou apenas tenha começado.