quarta-feira, 9 de maio de 2012

Simprismente

Quando eu te vi, Terezinha, foi como se viesse uma manada atrás docê. Não ficou tudo lento que nem nos firme, nem tocou uma música bunita, como aquele sinão da igreja, que quando tocava antigamente eu pensava em me casá cocê. Nada disso, não. O chão tremeu debaixo do meu pé. E fez um baruião que só veno! Cheguei inté a fica surdo! Não ouvi mais nada, nem meu coração, que eu juro que batia tão arto que até as criança que tava perto docê podia escutá! E me deu um medo, muié.. uma vontade doida de sai correno! Eu não sei expricá mió, não, mas foi assim que aconteceu. Queria se poeta pra mó de dize umas coisa bunita, assim como esse homi deve de dize procê. Ou queria dize que foi como firme mesmo. Mas, pra mim, foi isso o que eu senti, uai. Não consigo menti procê.

Ocê não ficou mais arta, mais baixa, mais gorda, mais magra, nem mais bunita de incantá os óio e enche eles de água, iguar da primeira vez que eu vi ocê, com uma frô no cabelo e um sorriso de engoli a lua. E isso que me desorientou, muié! Era ocê mesma, do jeitinho que eu me alembrava. Dos pior jeito que ocê podia ter voltado era desse: iguar. Porque mió ou pió eu podia pensa que era otra, que num ia mais me quere, nem me enfeitiça. Mas iguar, muié... Iguar é iguar, uai. É ocê! Dessa miudeza toda, que nem um bichinho de zoinho assustado. Pode num se a coisa mais bunita que ocê já ouviu, Terezinha, mas se ocê soubesse como eu acho bunito esses bichinho de zoinho assustado... É mais que uma frô das frô mais cherosa, que o solzão brilhoso do céu, em janeiro, ou que o capinzar roçando no vento... É coisa mais linda do mundo, muié! E se ocê soubesse do que eu seria capaz de faze pra protege um bichinho assustado assim que nem ocê... Num tinha poeta nenhum que ia consegui dize.

Não...

Se ocê soubesse mesmo... num tinha poeta nenhum que ia é me rouba ocê!
Simprismente, simprismente isso.
Pra depois te cuspi iguar, me fazendo passa pelo cabra, além de corno, mais medroso que já piso nessas terra, que saiu correno quando viu uma coisinha assim miudinha que nem ocê, despontá no portão. Porque eu sai correno quando te vi, Terezinha! Num foi só vontade, não. E se eu dissé que é por mó de que vinha uma manada atrás docê, ninguém vai creditá... só ocê mesmo, que credita em tudo que te falam, até nas mentira do poeta! Poeta foi feito pra menti, muié... Como eu teria mentido sobre como foi reencontra ocê, se eu soubesse usa das palavras que ele deve de sabe... Mas por isso eu não ligo de ser corno, não... Nem de num se poeta... Que ocê merecia uma vida mió com ele e acho que foi mesmo isso que ele prometeu e que ocê mais queria no mundo! Mas ocê devia sabe, ocê devia sabe que esses homi mata os bichinho assustado que nem ocê, e eu, o que eu mais queria no mundo era te faze feliz! Tanto que eu vortava procê, eu vortava procê se ocê entendesse isso, Terezinha. Mas teimosa do jeito que é, eu vo continua correno. Nunca mais quero ve.

Nunca mais vo ve ocê, Terezinha.
Fica com Deus. E com a casinha que já devem te pisoteado.

Ocê e essa manada que veio junto pisotear meu coração.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Pressa

Você não entende nada. Nada, nada. É impressionante. Não entende o meu bico. A vontade louca que eu tenho que você fique. De fazer amor, de tremer o chão, as mãos. Eu não sou transparente, mas meu corpo não sabe mentir. Se te enrosco, se te aperto e te mordo. E te arranho e te ranco e deixo pedaço. Não importa se de manhã eu finja que me esqueço, se me embaraço. Me desanuvie esse modo medo de amor. Esse cansaço que não é de fim, mas de começo. Me leia com a mesma desenvoltura com que escuta o que ofego e atende. Me entende. Atende. Atende que eu tô aqui embaixo.