sexta-feira, 26 de agosto de 2011

My Proof: minha preferida


“this photograph is my proof. There was that afternoon, when things were still good between us, and she embraced me, and we were so happy. It did happen. She did love me. Look see for yourself!”

Duene Michals, 1974.
Vale um google it.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Malas (ou De Mudança)

Eu já fiz muitas malas na vida. A maioria daquelas de sentar em cima pra poder fechar. Já as fiz chorando, já as fiz rindo, eufórica e ansiosa e já as fiz indiferente. Ontem foi a primeira vez que as fiz com raiva. Não de mim. Nem dos outros. Simplesmente com raiva. Não sabia onde ela começava ou para onde ia, se é que fosse. Se a raiva fosse um verbo, me seria intransitivo, naquele momento. Sempre gostei do verbo intransitivo. Independente e sem limites. Mas não gostei da raiva assim - e nem da intransitividade do verbo na minha vida. Independente e sem limites também soa como solitário e inconsequente.

Fui jogando as roupas, uma por uma, sem arrumação ou cuidado algum, como se elas fossem parte de mim arrancadas e jogadas lá no fundo. Me senti uma flor sendo despetalada. E, quando me sentei para fechar o zíper, como um gato jogando areia na merda. Foi isso, ué. Foi exatamente assim.

Fui descamada. Pode tirar, pode tirar tudo que não presta mais, pode arrancar. Pode me deixar em carne viva se preciso for. Que se tiver que doer, que seja de uma vez! Cansei de tratar o coração como um órgão tão sensível quanto os olhos. Que a qualquer menção de toque, automaticamente se fecha. Lembranças, especulações, ressentimentos, foram sendo arrancados como pele morta. Pode lvar junto os calos, a casca, tudo aquilo que me ensinou a resistir e a friamente proteger. Se for pra me entregar, que seja descamada. Não há mudança sem trauma. Não tenho mais medo da dor.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Ela entrou de chapéu panamá e eu perdi a noção do tempo onde isso é tudo: numa sala de espera. É engraçado como nunca estamos preparados para momentos como esse, embora possamos passar a vida inteira esperando por eles. Mais engraçado ainda é eu pensar nela como uma AK47 me dilacerando suas tantas vezes por minuto, mas eu penso. E nem sei por que, nem por quantos minutos... Já falei aqui que eu perdi a noção do tempo?

De dilacerado, perdi a noção da vida, também. Daqueles tiros em diante, morri pra mim. Meus esforços naturalmente se encaminharam, todos e sem medidas, para a vida dela. Como se esse fosse o destino deles esse tempo todo. Me mudei pra perto. Pra junto. Pra dentro. Pra mais dentro. Em todos os sentidos possíveis e desesperados. Tudo para que ela fosse feliz. Não tive problema algum com isso, obrigado.

Só não o bastante a ponto de não me espantar com a subserviência voluntária que meu panamá de cabelo preto comprido, violentamente, atirou em mim. Demorei a perceber a idolatria perigosa que estava intrínseca a isso. E o mal que ela produz. Mas não estou aqui para falar de males ou de dores. Estou aqui para falar que hoje o sol bateu no rosto moreno dela, que reluziu feito ouro, e eu me senti o cara mais rico do mundo, num mundo em que riqueza traz, sim, felicidade.