sábado, 10 de dezembro de 2011

Um dia eu chego lá

Um dia me perguntaram quando eu tinha começado a escrever. E a verdade é que eu creio ter começado a escrever desde o dia em que aprendi. Ou, talvez, e se possível, até antes disso. Não foi por causa de um acontecimento, um dia, um sentimento, ou  uma inquietação. Foi tão natural quanto perguntar a minha mãe se a professora dela tinha sido tão maravilhosa quanto à tia Dila, porque a tia Dila tinha me ensinado a escrever. Minha mãe ficou conhecendo meu destino. Minha mão já conhecia o caminho.

Lamento não ter guardado meu primeiro registro, e de também não me lembrar dele. Adoto, então, aquele mais antigo que já achei, guardado, dentre os outros, em um caderno de 1997, com as páginas bem amareladas, em que eu me descrevo, logo no início, assim (erros ortográficos mantidos): "Estudo no CEI à 3 anos e meio. Tenho 8 anos e estou na 3ª série. Essa é a série mais difícil de todo o primário. A! Esqueci de dizer que meu nome é Ana Paula. Eu gosto de escrever histórias."

E minha mais antiga história registrada, logo na primeira página, ainda com os erros mantidos (e já falando de amor... haha):

Um dia eu chego lá

Dedé é uma tartaruga muitíssimo lenta, por isso nunca tinha arranjado namorada (!).
Até que um dia, apareceu uma tartaruga perguntando por Dedé.
Dedéia achou Dedé, e marcou um encontro com ele. Mais, Dedé era muito lento, e o lugar era muito longe.
A salvação de Dedé era que o encontro era daqui a duas semanas.
Treinou uma semana na academia da girafa e outra na academia do castor.
O dia do encontro Dedé se aprontou como nunca no salão da cadela.
E foi correndo. Encontrou Dedéia e lhe disse:
- Valeu o esforço!
Dedéia não entendeu mais nada. Fim. (Com um coração de pingo no i)





Posto isso hoje,
Para eu não me esquecer do sentimento. Nem do porquê.