"...entonces se rompe la simétrica quietud de la pintura y escucho nuestras voces muy cercanas. - Cuéntame un cuento - te digo. - ¿Cómo lo quieres? - Cuentáme un cuento que no le hayas contado a nadie."
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
parte II : fotossintética
Assustou-se com a sua capacidade de esquecer. De repente quis se lembrar da cor da pia do banheiro dele, de qual era a gaveta em que ficavam os talheres, e nada. Desesperador seria ver suas melhores lembranças sufocadas em tão pouco tempo, se sentisse alguma coisa. Mas não. De tanto se negar a isso, naturalmente já não sentia. Olhou bem para a cor da sua pia, para a primeira gaveta à direita onde ficavam os seus talheres. Lamentou ser, ao contrário dele, esse pássaro de asas cortadas, que foi incapaz de levantar vôo. Mas daí mudou o olhar pro seu lado na cama vazio, pra sua cama só sua, sua vida só sua, e agradeceu não ser um enjaulado.
Saiu e se comprou flores.
As mais bonitas.
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