domingo, 25 de outubro de 2009

Do meu sangue

Me apertou uma saudade tão grande de uma das minhas irmãs que me doeu duro mesmo. Encontrei-a numa das fotos das que eu tenho jogadas aqui, em todo lugar, por não ter arrumado onde colocar e ficar mudando de gaveta pra estante, pro espaço em que eu não vá usar, toda hora.
Linda. Olhando pra câmera com um sorriso sem dentes, de sobrancelha e bochechas levantadas.
Pra quem tem três irmãs, falar só de uma ou mais de uma sempre provoca ciúme. Ou suscita dúvidas – e certezas - de quem é a preferida. Não tenho preferida. Cada uma simplesmente é o que é na minha vida. E numa combinação milimétrica e perfeitamente desenhada.
Me são como ar, luz e calor. Uma me desafoga, me faz respirar quando eu tenho aquela sensação de não estar conseguindo, tipo aquele choro que a gente tem e não consegue parar nem pra falar, nem pra puxar o ar pra dentro, me salva. Outra me guia sem que eu peça, me liga do nada pra me mostrar o caminho, e me dá a mão para seguir comigo, mesmo que quietinha. E outra, ainda, me protege, me esquenta, me acolhe, me é como um abraço de Deus.
E ao mesmo tempo todas revezam de papel sempre que eu preciso – e precisar.
Mas é que essa da foto tem uma coisa que é uma coisa que mexe comigo.
Porque é uma coisa que é de mim e que sou eu.
Sinto que posso sentir todas as dores dela por mais que não sejam as mesmas que as minhas. Embora eu saiba que um dia já foram e que hoje, talvez, nem tenha havido nenhuma.
Eu sinto. Mesmo assim.
Eu sinto a minha irmã.
E é por isso que praticamente só dela eu já escrevi nessa vida.
Ei sinto que ela tem essa necessidade de que eu escreva por ela.
Porque simplesmente ela me olha nessa foto com os meus olhos, os meus anseios e as minhas tristezas.
E eu acho que é preciso descrevê-los. E ser assim, há quilômetros de(o) chão, se não o ar que lhe desafoga, a luz que lhe guia ou o calor que lhe abraça, a letra que lhe falta.
O que ela não escreve.
O que eu não falo.
E o que o amor não faz nem uma coisa, nem outra
só origina e esquece.
Deixa de lado.
Deixa pra gente.

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