quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Foi singelo, rápido - menos de 8 segundos - e perturbador.
Mas aconteceu.
E ele considerou aquilo como o divisor de águas da sua vida.
(mas isso é uma bobagem porque toda decisão sua já é uma espécie de divisor de águas da sua vida).
Enfim, considerou.

Se olhou no espelho e viu a mesma pessoa.
Um pouco mais velha, um pouco mais sábia.
Nem um pouco mais serena.
E afastou os pensamentos de preocupação diária, corriqueira, que nunca tinham hora pra chegar, como não esquecer de comprar pó de café.

- Tinha acontecido aquilo e ele pensou em café.
Isso era uma daquelas provas, que ele sempre provava à contragosto, de que o mundo não para.
Nem para que você comemore.
Muito menos para que você se recupere.
- e, muitas vezes, nem mesmo para que você se dê conta do que aconteceu.
É como um mau competidor.
Se você cai na pista, ele continua em frente.
Acostume-se o quanto antes.
E acostumado ele era.

Por isso largou do café e, em instantes, voltou o pensamento àquilo.
A primeira coisa que viu ao abrir os olhos, naquela manhã cheirando à vodca, foi ela.
Mais velha, mais sábia e, naquele sono profundo, serena.
E naquele momento em particular, e porque era dele, mais bela.
E, pronto. Tinha acontecido.
Ele tinha, finalmente, acordado.

O tempo não foi o dele.
(e quando o é?)
Mas as vontades já não eram as mesmas, o gosto era outro.
E os olhos que abriu? Emprestados.
Os dela haviam molhado e melhorado tudo que era dele, naquela manhã.
E a partir de então, e de repente, tudo ficou muito mais possível com os olhos dela.

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