sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Ficar com você foi como olhar minha vida do lado de fora.
Não que eu não estivesse presente, mas era como se, ao mesmo tempo, eu me assistisse. Contrariando toda regra da física, de repente era possível que eu estivesse em dois lugares ao mesmo tempo, desde que não contrariasse qualquer outra regra... Minha. Essas não são muitas, nem tão complexas. No geral, me privam de grandes aborrecimentos e, também, amores. Por causa delas nunca assumi riscos. Nunca me permiti errar de corpo e alma, estando sempre, de uma certa forma, em cima do muro. Nunca inteira, ou de um lado, ou de outro. Tem uma historinha maniqueísta na qual Deus chama aquele que está em cima do muro para o lado dele, enquanto o Diabo fica quietinho no seu. Até que a pessoa, intrigada, pergunta: pô, Diabo, você num vai nem tentar me chamar pro seu lado? E o Diabo responde: num preciso, enquanto você estiver aí, você já está.

Por isso eu acho que devo ter assistido minha vida com você! Porque tinha eu, essa minha parte de mãos dadas com o Diabo, me equilibrando para não cair de vez pro seu lado, mal sabendo que já estava em um deles, e tinha eu com você. Como filme, como minha vida deveria ser: uma estrada sem fim e em boa companhia ao som de Norah Jones.

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