sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Nostalgia

Não vou escrever bonito. Nem pouco.
E vou falar abertamente sobre mim, dessa vez.
Abertamente porque todo mundo acha que eu sempre falo indiretamente de mim por aqui.
Só que nem sempre é assim.
Isso aqui é um resultado da minha vivência. Não um retrato dela.
Mas dessa vez eu falo. Aberta ou indiretamente, sou eu.
Só por simples precisar.
Por mim.

Tava parindo uma matéria e um artigo, quando resolvi tentar entender por que meu orkut não some de uma vez, depois de três tentativas - e pedidos - de exclusão. Mexe vai mexe vem - e que construção horrorosa - não descobri. Mas redescobri meus scraps antigos, bem como eu mesma. Fui olhar os primeiros, acabei me afogando em todos eles, não consegui sair pra dar um respiradinha sequer.

Quantas pessoas passaram na minha vida desde 13 de fevereiro de 2005! E como minha relação com elas - todas, sem exceção - mudou. Às vezes, e muitas por sinal, sequer resistiu ao tempo.

A primeira pessoa a me deixar um scrap foi uma amiga. Das melhores até hoje. Atualmente ela mora em São Paulo. Já errei feio com ela - e hoje vemos quão sem importância foi o que parecia substancial -, ela já tomou minhas maiores dores, já chegamos a uma fase da vida em que não tinha uma coisa que não sabíamos uma da outra e hoje faz meses que não trocamos uma palavra, mesmo morando na mesma loucura.

Aliás, me lembro de que quando eu fiz o orkut, eu estava no consultório dos pais de uma outra amiga minha. Estávamos em três e nós, em vez de trabalho, resolvemos fazer um orkut. Essas duas que estavam comigo mais a que me deixou o primeiro scrap constituiam tudo que eu acreditava ser meu maior elo de amizade, até então. E eram.
E, pasmei, senhores... ainda são. Mesmo que eu tenha cortado fora uma delas.

Não falo com ela há quase dois anos - e se antes não me permitia sentir falta dela, hoje nem me esforço para tanto -. E a outra, minha alma gêmea, senhora de todos os meus segredos, e dona de milhares de scraps gigantescos que eu recebi durante anos, foi pra Ribeirão e me largou em Campo Grande. Voltou pra Campo Grande quando eu vim pra São Paulo. Nunca mais moramos juntas.

A vida andou pra todas. Mas eu ainda sei que são e sempre serão elas. Os scraps diminuiram com o tempo, os assuntos ficaram mais superficiais sem o contato diário. Nos perdemos, mas não nos separamos. Resistimos. Por amor. Por afeto. Por amizade de verdade. Por sermos parte que pulsa uma na outra, não apenas a que passou, como a maioria delas.

Outros sobreviveram, claro. Mais no coração que no dia-a-dia.
Não vejo mais, não sei onde estão, não converso pelo msn, mas os sei ali. Dentro de mim, pra sempre.

A única irmã com orkut virou melhor amiga. Os scraps aumentaram. Junto com a saudade e o carinho.

Pessoas que só apareciam pra me falar de futebol, jogos, derrotas memoráveis, piadas... Eu era extremamente fanática - e chata. Hoje mudei. Essas pessoas sumiram.

E outras ainda sumiram justamente por eu não ter mudado em determinada coisa...

A que me falava "não vejo a hora de acabar o feriado pra eu te ver!". Mal sabe onde eu estou, agora. Mais do que um feriadinho prolongado em que ela não aguentava sem mim, não me vê há anos. E nem se importa com isso.
Quem dizia, com vergonha, bonitinho, sem intimidade nenhuma, que eu tinha um sorriso lindo, já me disse, sem vergonha, sem medo, sem amor, sem nada, coisas horríveis com o passar do tempo. Pessoalmente. Porque são difíceis coisas horríveis no mundo rosa do orkut.

E o que mais me dói é justamente isso. Mais do que os laços desfeitos com meio mundo, pessoas inteiras, são as palavras difíceis que surgiram fora dele. O futuro do que se desenhava naqueles scraps. A inocência que aparecia ali, de querer-se alguma coisa sem saber de nada do futuro, sem pensar em nada do passado... Morreu, coitada. Matada. Agora que vemos o que deu daquilo.

Coitados de nós que a matamos.
Mas impotentes nós que apenas deixamos o tempo passar.

Li com tanto pesar aquela inocência toda, sendo espremida até a morte scrap por scrap. Ah, se soubéssemos que ia dar nisso...
- não acreditaríamos.

E pessoas se foram.
Uma delas de verdade. Uma que nunca mais vai me deixar scraps que eu nem respondia, nem ligava... Que arrependimento inútil por não ter feito isso. Coisa tão simples.
Outras vieram. Outras estão. Outras nunca saíram e talvez sairão.

Fato é que eu li uma vida inteira ali.
Não me lembrava de muita gente, não me lembrava de muitos fatos, não me lembrava de mim.

Só sei que pessoas vem e pessoas vão. E vão te trair. E você vai trai-las. A inocência de não saber o que vai acontecer morre quando você descobre o que acontece. Acaba o encanto. Acaba tudo. Tudo muda. E tanta coisa. E tanta gente, E tanto tempo.

E eu só sei que queria saber, no fim de tudo isso, onde estão essas pessoas todas? Esses sentimentos? Ou mais crucial e urgente pra mim, hoje, como se recupera essas coisas todas que o tempo engoliu... Recupera?

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