sábado, 5 de setembro de 2009

Running in circles, chasing tails, coming back as we are...

A inocência sempre se perde. A realidade é suja, é lasciva. É aquela putinha da esquina por quem tu passas e pensas que não vale nada, e ergues o rosto, e lavas as mãos, e desvias a cara, e fazes graça, e sabes-se uma versão humana melhorada. És?

Te dê tempo. Por ti também escorre lama. Te olha no espelho, e perceba que animalesco. É uma grossura, um desassossego. Erras. E tu nunca voltas ao que era, nem ao que poderia ter sido.

Não é justo; pelo contrário, é humano.

No fundo somos tudo um bando de bosta. Que se julga e se condena, e se acha no direito.

Ah, inocência. Uma vez rompida, és todas as outras corrompido.

Não adianta.
Não te lavam. Não te limpam. Não te desinfetam, nunca.

Ninguém é bom moço a vida inteira, menino.
Não espero isso.
Ou desejo.

Só não te acostumes com os colos e com as lágrimas.
Não vão passar a mão na tua cabeça pra sempre.

A inocência te perde.
E enquanto dependeres da caridade dos outros, jazerás, perdido.

3 comentários:

Tulio Bucchioni disse...

Forte...Mas bem, contanto que a (des)inocência não atinja outras pessoas e se verifique mais na forma de um prazer, acho natural...E intrigante.

Alice Agnelli disse...

ótimo. ótimo mesmo.

sim, somos todos um bando de bosta justamente por nos acharmos dignos de julgar os outros. e judar a nós mesmos.

viu, as linhas finais são cruelmente verdadeiras - só que poucos percebem isso.

Alice Agnelli disse...

*julgar