sábado, 26 de abril de 2008

" Olhares de Reprovação "

Não!! Nem ouse pousar esses olhares de reprovação em mim, hoje! Passe reto, finja que me desconhece, sequer me olhe! Que quando me olha com eles... Me faz criança... E daquela que fez coisa errada! A ponto de quase brotar desculpas pela minha boca. Ou um tom “sincero” de “não me castigue, por favor, que eu não vou fazer isso de novo!” acompanhado daqueles olhos de piedade. E é nesses meus olhos de piedade refletidos nos seus de reprovação, onde consigo ver que os meus já não podem mais te mentir... Abrem-se revelando que sou capaz até de te reconhecer razão, só para, inconscientemente, te ver feliz... ( ? ).
Abaixo o olhar em seguida, vencida. E vou. Mas comigo também vai a queimação na bochecha e o coração na boca, a impressão de que estou fazendo coisa errada e só você sabe! Como se, longe dos seus olhares, eu me enganasse deliberadamente, para que depois, só neles me encontrasse.. Percebe que é como se o único lapso de sinceridade que eu respiro, na falsificação calculada dos meus dias, surgisse sob os teus olhares de reprovação? Sob eles, que despem meus pensamentos mais íntimos e secretos para você. E que eu, pobre de mim, não consigo evitar... E onde graças a eles vem você, então, e conhece a minha realidade inventada... Os desejos que, intimamente, sustento. E depois que se faz de tudo isso conhecido, atrelado aos meus atos públicos, vem você e me reprova num olhar como se visse prazer em me reprovar (e demonstrar isso...).
E eu? Eu tomo você por consciência e acabo por concordar com tudo que você (mesmo que com o olhar) diz no final.. No final, onde só a gente conhece isso... ou se condena junto... ou se conversa assim. Como se fosse sequer possível essa nossa cumplicidade...
Ah. Mas eu, a despeito da criança que me despertas, não sou ingênua assim como teus olhares me fazem me sentir nos minutos em que me olham! Sei muito bem que não é assim... Não há essa minha passividade. Não há cumplicidade nenhuma. E, sinceridade, sinceramente, não há. Mas quer saber? Isso não me incomoda em nada. São seus olhos de reprovação que me matam. Guarde-os para você, para o espelho, ou no mínimo para quem lhe deve satisfação... Que eu não devo nada a ninguém e, mesmo se devesse, não seria para esses olhos teus a me reprovar...

Já que não me entendes... Não me julgues, não me tentes. - Muito menos me reprove -.

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